segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Entenda como funciona o Luz para Todos 29/02/2016


Programa que combina subsídios do governo a ação de concessionárias privadas conectou 3,2 milhões de famílias à rede de eletricidade em 12 anos
por Carlos Drummond — publicado 22/02/2016 07h35, última modificação 22/02/2016 07h39

Divulgação/ pac.gov.br


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Somados os resultados positivos de benefícios à população mais vulnerável do País, sincronização de ações nos planos nacional e estadual e parceria com a iniciativa privada, o Luz para Todos pode ser considerado um dos programas de políticas públicas mais bem sucedidos do governo federal desde 2003, quando foi criado. A meta era alcançar 2 milhões de famílias do meio rural sem energia elétrica, sendo 90% delas abaixo da linha de pobreza, segundo o Censo do IBGE de 2000. Em novembro do ano passado, 12 anos depois do seu lançamento, o total era 3,2 milhões de famílias com moradias conectadas à rede de eletricidade.

Nesse mesmo período, os investimentos somaram 22,7 bilhões de reais, 16,8 bilhões do governo federal e o restante aportado por governos estaduais e distribuidoras de energia. O programa é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, tem participação da Eletrobras e de cooperativas, organizações sociais, agentes e as próprias comunidades. O atendimento prioritário abrange escolas rurais, áreas de pobreza extrema, quilombos, comunidades indígenas, assentamentos, populações ribeirinhas, pequenos agricultores, famílias em áreas próximas de reservas e aquelas afetadas por empreendimentos do setor elétrico. Um dos objetivos do Luz para Todos é a integração com programas sociais de saúde e educação, em uma dinâmica favorável ao desenvolvimento econômico e social.

A eletricidade chega até o ponto de consumo de cada unidade, e as concessionárias são obrigadas a instalar o padrão de entrada e um kit básico de distribuição interna. O balanço registra a extensão da rede até 35 mil famílias indígenas das etnias Terena, Guarani Kaiowá, Kaingang, Kinikinau e Kadiwéu e 29 mil famílias de quilombolas, inclusive a totalidade dos moradores da maior área de quilombos no País, em Alcântara, no Maranhão. O acesso à eletricidade permitiu a 14 mil escolas em áreas rurais a abertura de cursos noturnos e o uso de equipamentos de informática, ventiladores e geladeiras para a conservação da merenda.

Se fosse entregue exclusivamente à iniciativa privada e ao mercado, programas como o Luz para Todos não sairiam do papel. “As concessionárias têm um interesse menor na eletrificação rural, em razão dos compromissos com a clientela urbana. Procuram atender as áreas rurais de maior densidade e que estão mais próximas das cidades, onde normalmente se localiza o consumidor mais rico ou mais atraente, com maior consumo e, consequentemente, retorno do investimento mais rápido”, dizem o engenheiro Paulo Ernesto Strazzi e quatro outros autores em trabalho sobre o Luz para Todos e a concessionária Elektro, de São Paulo.

O público alvo do programa, no entanto, encontra-se em situação oposta àquela preferida pelas concessionárias privadas: são pessoas que moram em áreas de menor densidade, quase sempre distantes do meio urbano, mais pobres e que, portanto, oferecem menor perspectiva de consumo. Levar até essas pessoas energia elétrica requer “alto investimento por ligação e não apresenta retorno atrativo”.

Nas condições descritas acima, a única alternativa para viabilizar a participação das empresas privadas do setor, fundamentais devido à sua posição estratégica na área de distribuição de energia, é a concessão de subsídios pelo governo. “A combinação público-privado adotada para o Luz para Todos, tendo de um lado o governo como gestor público, de outro a empresa privada contemplada com a justa rentabilidade, garante o sucesso e a continuidade do programa”, afirma Strazzi. O estudo confirma a tese da necessidade de recursos a fundo perdido (recursos utilizados sem expectativa de retorno).



Redes de transmissão e distribuição de energia (Marcos Santos/ USP Imagens)



Os recursos financeiros a fundo perdido são disponibilizados pela Conta de Desenvolvimento Energético. A Reserva Global de Reversão fornece financiamento a uma taxa de juros de 5% ao ano com 24 meses de carência, amortização em 10 anos e 1% de mora (taxa percentual sobre o atraso do pagamento), mais 1% ao ano para a comissão de reserva de crédito e a taxa de administração. Os estados disponibilizam recursos a título de subvenção econômica, também a fundo perdido, e a distribuidora participa com recursos próprios.

Os marcos legais do programa são a Lei 10.438 de 26 de abril de 2002, da universalização do acesso à energia elétrica, e a Lei 10.762 de 11 de novembro de 2003, criadora do Programa Nacional de Eletrificação Rural Luz para Todos.



http://www.cartacapital.com.br/especiais/infraestrutura/entenda-como-funciona-o-luz-para-todos

A Lista de Furnas e a impunidade escandalosa de Aécio Neves29/02/2016











O DCM apresenta o documentário sobre a Lista de Furnas que prometemos entregar em mais um projeto de crowdfunding.

Com direção do talentoso documentarista e produtor Max Alvim, ele é baseado nas matérias de Joaquim de Carvalho, um dos melhores repórteres do Brasil, colaborador dileto do Diário.

Está ali toda a gênese e as imbricações de um dos grandes escândalos do país — e um dos que mais sofreram tentativas de ser abafado.

O momento do lançamento é oportuno. No sábado, 27 de fevereiro, ficou-se sabendo que o ex-deputado federal Roberto Jefferson e mais seis pessoas foram indiciados pela Delegacia Fazendária (Delfaz) por crime de corrupção ativa e lavagem de dinheiro na estatal mineira.

O Ministério Público Estadual (MPE) levou dez anos para se mexer. Entre os envolvidos estão empresários, lobistas e políticos. Ficou faltando muita gente. Entre as ausências, a de Dimas Toledo, ex-presidente da empresa indicado por Aécio. Dimas não foi indiciado por ter mais de 70 anos e, portanto, contar com o benefício da prescrição.

O que o documentário do DCM traz:

. O que é, para que servia e quem produziu a relação de 156 políticos e os respectivos valores recebidos na campanha eleitoral de 2002 do caixa 2 de empresas que prestaram serviços para Furnas.

. Os principais nomes do esquema: gente como José Serra, então candidato a presidente, Geraldo Alckmin, candidato a governador de São Paulo, Aécio Neves, candidato a governador de Minas Gerais, e Sérgio Cabral, candidato a senador pelo Rio de Janeiro, além de candidatos a deputado, como, Alberto Goldman, Walter Feldman e Gilberto Kassab por São Paulo; Eduardo Paes, Francisco Dornelles e Eduardo Cunha pelo Rio de Janeiro; Dimas Fabiano, Danilo de Castro e Anderson Adauto por Minas Gerais.

. O protagonismo de Aécio: além de receber diretamente para sua campanha R$ 5,5 milhões (13,1 milhões em valores corrigidos pelo IGP-M), há outros dados que confirmam seu papel central no caso.

São antigas as relações de sua família com as empresas públicas na área de energia. O pai, Aécio Cunha, depois de integrar durante seis anos a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, se tornou conselheiro de Furnas, ao mesmo tempo em que era conselheiro da Cemig, a estatal de energia de Minas Gerais.

“Furnas sempre foi território de Minas no governo federal”, afirma José Pedro Rodrigues de Oliveira, ex-coordenador do Programa Luz para Todos.

O doleiro Alberto Youssef, em delação premiada, falou de Aécio. O lobista Fernando Moura detalhou que era “um terço (PT) São Paulo, um terço nacional, um terço Aécio”.

. A batalha para desacreditar a Lista de Furnas: quem divulgou que ela poderia ser falsa foi o PSDB de Minas Gerais, com base em pareces de peritos contratos e num laudo da Polícia Federal feitos em cima de uma das cópias divulgadas por Nilton Monteiro, o homem que confessou atuar como operador do caixa 2.

Uma matéria na Veja, plantada por Aécio, deu força para a ideia da falsidade. Quando essa tese prosperava, o lobista Nílton Monteiro entregou à Polícia Federal o documento original, que foi periciado. A conclusão foi a de que se tratava de um documento autêntico, assinado por Dimas Toledo e sem indício de montagem.

Esperamos, com esse documentário, ter conseguido jogar luzes sobre uma história que caminhava para o esquecimento. Agradecemos a todos os leitores que contribuíram para que ele pudesse ser realizado.

 Miniatura



http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-dcm-apresenta-seu-novo-documentario-a-lista-de-furnas/

http://jornalggn.com.br/noticia/a-impunidade-escandalosa-de-aecio-neves

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Francisco y la geopolítica neopastoral 24/02/2016

Arsinoé Orihuela
Rebelión

No es desconocida la acción pastoral católica con fines políticos. Esa acción tiene antecedentes milenarios. Y está preñada de conocimientos logísticos, discursivos, operativos etc., que más de algún mandatario de Estado debe añorar. Más no se puede ignorar que la actual cúpula de la Iglesia católica arreció esa acción, con resultados políticos notoriamente óptimos. Francisco es el operador estrella de esa acción concertada. Y los éxitos no son pocos. Por cierto que América Latina tiene prohibido olvidar –independientemente de simpatías religiosas o políticas personales– que en otra época esa acción desembocó en escenarios de colonización e inquisición fratricida.


En sólo tres años de “gestión”, el Papa Francisco consiguió posicionar a la Iglesia en foros, espacios e instancias políticas otrora vetadas para la curia romana. Cabe recordar que Jorge Mario Bergoglio desempeñó un papel protagónico en el restablecimiento de relaciones diplomáticas Estados Unidos-Cuba, que constituye un esfuerzo histórico para poner fin a más de medio siglo de enemistad entre los dos gobiernos; encabezó una jornada mundial en oposición a la guerra en Siria, y contribuyó a sembrar un cuestionamiento categórico en relación con los planes militares e intervencionistas de EU y Francia en el país árabe; allanó el terreno para una reconciliación milenaria entre la Iglesia católica romana y la ortodoxa rusa; promovió encuentros con líderes espirituales ajenos a la órbita católica, como aquella reunión que sostuvo con el actual presidente de Irán Hasán Rouhani, un político chiita de ideología islamista moderada; normalizó las relaciones con China –donde “más de 99 por ciento no son católicos”; y en su visita a México, logró transgredir el precepto constitucional de laicidad y recibir un trato de jefe de Estado, cosechando así la primera visita de un pontífice a la sede del poder ejecutivo mexicano (aunque es cierto que en esto último tiene más responsabilidad el anfitrión oficial).

Dice el refrán que “a río revuelto ganancia de pescadores”. Fue un acierto redondo la histórica elección del jesuita argentino, que por cierto es el primer Papa no europeo en 1.300 años. En el contexto de la crisis de Estados Unidos, que algunos analistas consignan como el fin de una era unipolar y el advenimiento de la multipolaridad, la Santa Sede apostó por recoger los cascajos de un orden derruido. Francisco representa esa voluntad del Vaticano por recuperar el poder de influencia que alguna vez invistió, en una coyuntura donde una multiplicidad de centros de autoridad se disputan el timón de los cambios civilizatorios en curso. Pero la Iglesia sabe que ese mando sólo es asequible en comunión con otros grupos de poder. Esto explica el carácter genérico de las críticas que profiere Francisco en relación con el desempeño de la clase política y el empresariado. El discurso del jerarca católico apunta a la renovación moral de las élites, y no a una condena de la persistencia del elitismo o a un distanciamiento de la Iglesia con los poderes constituidos.

No es accidental que a los actos de la gira papal en México solamente asistieran personajes notables e influyentes –empresarios, funcionarios públicos de alto rango, dueños de los medios de comunicación–, contraviniendo flagrantemente el discurso pastoral socialmente sensible del dirigente católico. Al respecto, Emiliano Álvarez de Morena observa: “Vemos con preocupación la aceitada logística gubernamental y la connivencia de los medios de comunicación con la administración de Peña Nieto para hacer creer a la sociedad católica –que en México se estima que es cerca del 87 por ciento de la población– que las causas del gobierno son las mismas que las de Jorge Bergoglio”.

Llama la atención la polivalencia del discurso de Francisco, cuya fortaleza radica justamente en las múltiples interpretaciones que permite, y que coincidentemente llega a tener eco entre los círculos progresistas así como entre los cónclaves políticos más recalcitrantemente conservadores. Es cierto que el actual jefe de la Iglesia católica ha dado muestras de sensibilidad social en sus discursos, y de cierta oposición a la anuencia del clero católico con el poder y los poderosos. Sin embargo, esos discursos rara vez atienden situaciones concretas, y esa retórica ambigua, que no es fortuita, abona a la anestesia política de ciertos sectores de la sociedad católica.

Por añadidura, este comportamiento tiene su correlato en las trayectorias internas de la Santa Sede. Hasta ahora no ha habido reparación para las víctimas de pederastia sacerdotal, ni castigo para los perpetradores con sotana. De acuerdo con algunos testimonios, la comisión pontificia de previsión de delitos sexuales, creada por el propio Francisco, es sólo una cortina de humo para seguir encubriendo a los abusadores sexuales. Juan Carlos Cruz Chellew, víctima de abuso clerical, dice: “La Santa Sede es un nido de víboras… El Papa no ha cumplido sus promesas, tiene un discurso muy bonito, pero no ha cambiado nada, al contrario, ha empeorado. Han creado una estructura vaticana para aplicar protocolos que sigan encubriendo a los abusadores y protegiendo a sus superiores”.

En su visita a México, otra omisión que invita a poner en tela de juicio la presunta benevolencia desinteresada o socialmente comprometida del pontífice es el silencio en torno a dos siniestros nacionales de alto impacto e interés para la sociedad mexicana: los 43 desaparecidos de Iguala y los feminicidios de Juárez. La omisión no fue sólo discursiva, sino también por acción resuelta. Lucía Baca, integrante de la Plataforma de Víctimas de Desaparición en México relata: ‘‘Intentamos llegar a él, pero fue imposible… Me di cuenta que el Papa estaba secuestrado por el gobierno mexicano, porque tienen miedo de que nos acerquemos y le platiquemos todo lo que ha pasado en el país… ya que ha sido un Papa crítico y solidario, teníamos esperanzas de que aquí diera un mensaje fuerte. Sólo mencionó a la violencia de forma genérica; parece que en el discurso también desaparecieron a nuestros hijos’’ (http://www.jornada.unam.mx/2016/02/19/opinion/005a1pol).

La acción pastoral de Francisco está teñida de claroscuros. Por un lado, la creciente presencia del pontífice en tribunas y episodios de gran calado político, y por otro, los silencios, omisiones e incurias en relación con temas sociales ásperos, sugieren que la presente agenda programática e ideológica del Vaticano responde más a un esfuerzo concertado por recuperar influencia en la arena política internacional, que a una iniciativa genuina de cambiar en forma y fondo los destinos de la Iglesia católica.

Cabe refrendar lo sostenido en otra ocasión: “Parece que el nombramiento de un latinoamericano tiene como finalidad contener la ola de conversiones en la región que concentra la población católica más nutrida del mundo –cerca del 42 por ciento. La Iglesia echa mano de un cardenal argentino para frenar el estallido de conversiones, poner en marcha una política de reevangelización global y regional, y revitalizar la influencia política del Vaticano, especialmente en la América católica”.





Blog del autor : http://lavoznet.blogspot.mx/2016/02/francisco-y-la-geopolitica-neopastoral.html



http://www.rebelion.org/noticia.php?id=209266

O capitalismo na sua fase autofágica 24/02/2016


O ocidente está reduzido a canibalizar-se



por Paul Craig Roberts [*]


Eu próprio, Michael Hudson, John Perkins e alguns outros, temos relatado os múltiplos saqueios de povos pelas instituições econômicas ocidentais, principalmente os grandes bancos de Nova Iorque com a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Os países do terceiro mundo foram e são saqueados ao serem induzidos em certos planos de desenvolvimento. A governos crédulos e confiantes é-lhes dito que podem tornar os seus países ricos contraindo empréstimos externos para implementarem planos de desenvolvimento que as potências ocidentais apresentam e que teriam em resultado desse desenvolvimento económico suficientes receitas fiscais para pagamentos dos empréstimos externos.

Raramente, se alguma vez, isso acontece. O que acontece é que o país se torna endividado até ao limite, muito para além dos seus ganhos em moeda estrangeira. Quando o país é incapaz de satisfazer o serviço de dívida, os credores enviam o FMI ao governo endividado para dizer que o FMI poderá proteger o rating financeiro do governo emprestando-lhe dinheiro para pagar aos seus credores bancários. No entanto, as condições impostas são que o governo deverá tomar as necessárias medidas de austeridade a fim de poder pagar ao FMI.

Estas medidas consistem em restringir serviços públicos, o sector estatal, pensões de reforma e vender recursos nacionais aos estrangeiros. O dinheiro economizado pela redução de benefícios sociais e o obtido com a venda de ativos do país aos estrangeiros serve para pagar ao FMI.

Esta é a maneira pela qual historicamente o Ocidente tem saqueado países do terceiro mundo. Se o presidente de um país estiver relutante em entrar em tal negócio, ele simplesmente é subornado, como governos gregos foram, juntando-se ao saque do país que pretensamente representaria. Quando este método de saque se esgota, o Ocidente compra terras agrícolas forçando países do terceiro mundo a abandonarem uma política de auto-suficiência alimentar, produzindo uma ou duas culturas para exportação.

Esta política tornou populações do terceiro mundo dependentes das importações de alimentos do ocidente. Normalmente as receitas de exportação são captadas por governantes corruptos ou pelos compradores estrangeiros que pagam preços reduzidos pelas exportações enquanto os estrangeiros vendem alimentos demasiado caro. Desta forma, a auto-suficiência é transformada em endividamento.

Com o terceiro mundo explorado até aos limites possíveis, as potências ocidentais resolveram saquear os seus próprios países. A Irlanda tem sido saqueada, o saque da Grécia e de Portugal é tão severo que forçou um grande número de mulheres jovens à prostituição. Mas isso não incomoda a consciência ocidental.

Anteriormente, quando um país soberano se encontrava com endividamento superior ao que poderia suportar, os credores tinham que anular parte da dívida até um montante em que o país pudesse suportar. No século XXI, como relato no meu livro The Failure of Laissez Faire Capitalism, esta regra tradicional foi abandonada.

A nova regra é que a população de um país, até mesmo de países cujos dirigentes de topo aceitaram subornos para endividar o país a estrangeiros, deve ter as pensões de reforma, emprego e serviços sociais reduzido. Além disto, valiosos recursos nacionais como sistemas municipais de água, portos, lotaria nacional e espaços naturais protegidos, tais como as ilhas gregas protegidas, vendidas a estrangeiros, que ficam com a liberdade de aumentar os preços da água, negar ao governo grego as receitas da lotaria nacional e vender a imobiliárias o patrimônio nacional protegido da Grécia.

O que aconteceu à Grécia e a Portugal está em curso em Espanha e Itália. Os povos são impotentes, porque seus governos não os representam. E não se trata apenas de governantes que receberam subornos, os membros dos governos possuem a lavagem cerebral de que os seus países devem pertencer à União Europeia, caso contrário, serão ultrapassados pela história.

Os povos oprimidos e sofredores sofrem o mesmo tipo de lavagem cerebral. Por exemplo, na Grécia o governo eleito para evitar o saque da Grécia estava impotente porque a lavagem cerebral ao povo grego era para que custasse o que custasse deviam permanecer na UE. A junção de propaganda, poder financeiro, estupidez e subornos significa que não há esperança para os povos europeus.

O mesmo é verdade nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Reino Unido. Nos Estados Unidos dezenas de milhões de cidadãos dos EUA aceitaram tranquilamente a ausência de qualquer rendimento de juros sobre suas poupanças durante sete anos. Em vez de levantarem questões e protestarem, os americanos aceitaram sem pensar a propaganda de que a sua existência depende do êxito de um punhado de megabancos artificialmente criados, "grandes demais para falir". Milhões de americanos estão convencidos de que é melhor para eles deixar degradar as suas economias do que um banco corrupto falir.

Para manter os povos ocidentais confusos sobre a real ameaça que enfrentam, é dito às pessoas que há terroristas atrás de cada árvore, de cada passaporte, ou mesmo sob cada cama, e que todos serão mortos a menos que o excessivo poder do governo seja inquestionável. Até agora isso tem funcionado perfeitamente, com falsas palavras de ordem, reforçando falsos ataques terroristas, que servem para evitar a tomada de consciência de que isto não passa de um embuste para acumular todos os rendimentos e riqueza em poucas mãos.

Não contente com sua supremacia sobre os "povos democráticos", o “um por cento” dos mais ricos avançou com as parcerias Transatlântica (TTIP) e Transpacífica. Alegadamente, são "acordos de livre comércio" que beneficiarão a todos. Na verdade, são negociações cuidadosamente escondidas, secretas, que permitem o controlo de empresas privadas sobre as leis de governos soberanos.

Por exemplo, veio a público que no âmbito do TTIP o Serviço Nacional de Saúde no Reino Unido poderia ser regido por tribunais privados, instituídos no âmbito daquele tratado e, constituindo um obstáculo para seguros médicos privados, ser processado por danos a empresas privadas e até mesmo forçado à sua extinção.

O corrupto governo do Reino Unido sob o vassalo de Washington David Cameron bloqueou o acesso aos documentos legais que mostram o impacto da parceria transatlântica no Serviço Nacional de Saúde da Grã-Bretanha.
www.globalresearch.ca/...

Para qualquer cidadão de um país ocidental, que seja tão estúpido ou tenha o seu cérebro tão lavado para não ter percebido isso, a verdadeira intenção da política do "seu" governo é entregar todos os aspectos das suas vidas ao apoderamento de interesses privados.

No Reino Unido, o serviço postal foi vendido a um preço irrealista a interesses privados com ligações políticas. Nos EUA os republicanos e talvez os democratas, pretendem privatizar o Medicare e a Previdência Social, assim como privatizaram muitos aspectos das forças armadas e do sistema prisional. As funções do Estado tornaram-se alvos para o lucro privado.

Uma das razões para a escalada do custo do orçamento militar dos EUA é a sua privatização. A privatização do sistema prisional dos EUA resultou em que grande número de pessoas inocentes é enviada para a prisão e forçada a trabalhar para a Apple Computer, para empresas de vestuário que produzem para as forças armadas e para um grande número de outras empresas privadas. Os trabalhadores da prisão são pagos tão baixo quanto 69 centavos por hora, inferior ao salário chinês.

Isto é a América hoje. Policiais corruptos. Promotores de Justiça corruptos. Juízes corruptos. Mas máximo lucro para os capitalistas dos EUA a partir de trabalho nas prisões. Os economistas do livre mercado glorificaram prisões privadas, alegando que seriam mais eficientes. E na verdade são eficientes em fornecer os lucros do trabalho escravo para os capitalistas.

Mostramos uma reportagem sobre o primeiro-ministro Cameron negando informações sobre o efeito da parceria transatlântica TTIP no Serviço Nacional de Saúde britânico.
www.theguardian.com/...

O jornal britânico Guardian, que várias vezes teve de prostituir-se para manter um pouco de independência, descreve a raiva que sente o povo britânico pelo sigilo do governo sobre uma questão tão fundamental para o seu bem-estar. Contudo, continuam a votar em partidos políticos que têm traído o povo britânico.

Por toda a Europa, governos corruptos controlados por Washington têm distraído as pessoas sobre a forma como são vendidos pelos "seus" governos, concentrando a sua atenção nos imigrantes, cuja presença decorre de governos europeus representarem os interesses de Washington e não os interesses de seus próprios povos.

Algo terrível aconteceu à inteligência e a consciência dos povos ocidentais, que parecem já não ser capazes de compreender as maquinações dos "seus" governos.

Governo responsável nos países ocidentais é história. Apenas fracasso e o colapso aguarda a civilização ocidental. [*] Foi secretário de Estado Adjunto do Tesouro para a política económica e editor associado do Wall Street Journal. Colunista na Business Week, Scripps Howard News Service e Creators Syndicate. Tem tido muitas intervenções em universidades. Os seus textos na internet são seguidos no mundo inteiro. Os livros mais recentes de Paul Craig Roberts são The Failure of Laissez Faire Capitalism and Economic Dissolution of the West , How America Was Lost e The Neoconservative Threat to World Order .

O original encontra-se em www.paulcraigroberts.org/ . Tradução de DVC.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

 http://resistir.info/crise/roberts_20jan16.html

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Saiam das nossas costas! 16/02/2016





por João Vilela

A notícia caiu como uma bomba por estes dias: o gigante financeiro alemão Deutsche Bank corre o risco de colapsar. É um choque de frente para toda a direita neoliberal e para todas os seus sonhos e expectativas, um mundo que se arruína e naufraga, deixando um cortejo de suplicantes gemendo e chorando a sua perda. Um banco, para mais privado, para mais alemão, para mais empreendedor, para mais proactivo, e dinâmico, e acostumado a bater punho, esfarelar-se assim, sem mais nem menos. Teria maus gestores? Mas se todos sabemos que só o Estado, porque não tem a noção de estar a gerir o que é seu, é mau gestor! Teria havido incompetência dos supervisores? Mas se sabemos que só os supervisores portugueses são incompetentes! Há-de ter sido culpa dos trabalhadores alemães, esses calaceiros que vivem acima das possibilidades e depois não pagam os empréstimos que pediram. Mas acaso não nos disseram que os calaceiros éramos nós, os trabalhadores portugueses? E que por nossa culpa o Estado devia dinheiro que pediu emprestado para construir escolas, e os bancos deviam ao estrangeiro para comprarmos férias em Cancun, e que lá fora, onde os protestantes eram comedidos e regrados (sim, eu ouvi o Viriato Soromenho Marques sair-se com esta), não havia situações assim?

A realidade tem o condão de derrotar qualquer explicação ficcional que a burguesia e os seus lacaios tentem apresentar para a dinâmica interna do capitalismo. E essa dinâmica, que é de queda tendencial da taxa de lucro, sobreprodução, crise, e aprofundamento da exploração dos trabalhadores para que a bola continue a girar, é a verdadeira causa das falências de bancos, sejam o BPN e o BANIF, sejam o Lehman Brothers e o Deutsche Bank. Dinâmica perfeitamente irracional, contraditória, escusada, fruto de um regime social que o desenvolvimento das forças produtivas tornou não apenas obsoleta e desnecessária, mas de facto corrosiva e destrutiva em termos sociais: a propriedade privada dos meios de produção, a exploração do homem pelo homem, o modo de produção capitalista.

A despeito de um anti-sovietismo e de um reaccionarismo absurdos ao equiparar fascismo e comunismo como regimes irmanados na definição de "totalitarismos", Hannah Arendt disse uma frase lapidar sobre o marxismo: "os marxistas não inventaram a luta de classes, porque os factos não se inventam". E a luta de classes prossegue sempre, com maior ou menor intensidade, com mais ou com menos organização, com mais ou com menos ilusões nas instituições da burguesia. E esta sabe disso: não por acaso se dedica, dedicou, e vai sempre dedicar a assalariar dirigentes do proletariado, a infiltrar as suas organizações com bufos e provocadores, a intoxicar ideologicamente os trabalhadores, a explorar as divisões mesquinhas (étnicas, religiosas, geracionais, de género, de orientação sexual, de qualificações, etc.) que os separam.

Os padres que na célebre "Pirâmide do Capitalismo" são os que enganam o povo, foram hoje substituídos por televisões, jornais, rádios, e toda uma parafernália comunicacional onde o entulho reformista tem largo tempo de antena, diário e bem pago. A equiparação aos padres é particularmente feliz, se pensarmos que, como os padres, a sua função é alimentar e manter crenças idealistas, autêntico pensamento mágico, como seja a tese de que ganhar eleições mete medo a alguém ou torna os milhares e milhares de polícias, oficiais, funcionários de topo do aparelho de Estado, juízes, cobradores, etc., gente acostumada a manter o capitalismo diariamente, em diligentes construtores de um socialismo que toda a vida combateram. É tão lícito aceitar que com uma eleição o Estado burguês se torna Estado proletário como acreditar em feitiçarias de varinha mágica, milagres do Cristo Jesus ou curas por imposição de mãos. O tipo de raciocínio é o mesmo nos três casos.

Porque a verdade se mete pelos olhos dentro, o proletariado acaba, inevitavelmente, por atirar borda fora quem o pretende arrastar para o reformismo à força, e por tomar em mãos as suas tarefas históricas. Veja-se a Grécia, onde o Syriza ganhou as eleições, e todavia se sucedem as greves, os cortes de estradas, as gigantescas manifestações de massas desembocando já em conflito aberto com um aparelho de Estado que, marimbando-se para o facto de ter a esquerda (pretensamente) radical no seu comando, sabe que lhe compete defender a burguesia e reprime, em armas, a torrente da luta popular. Tal trajecto pode ser acelerado, como sabemos desde o Manifesto do Partido Comunista, se aos proletários se associarem os comunistas, sua vanguarda, desmontando as hesitações e ilusões reformistas que ainda subsistam, e guiando ao triunfo os trabalhadores. É esse o papel que, na Grécia, tem sido desempenhado pelos camaradas do PC da Grécia.

É esta a atitude e a palavra de ordem que cumpre assumir nesta hora em que, com a falência próxima de um gigante financeiro do centro imperialista europeu, a exploração se vai agravar: saiam das nossas costas, burguesia! Saiam das nossas costas, lacaios reformistas! Chega de pesarem sobre os nossos ombros como parasitas, de sugarem o nosso sangue, de nos amarrarem as mãos quando queremos desembaraçar-nos! É já tempo de irem ter com os padres e xamãs da vossa laia, tentar discutir os passes de mágica e os espiritualismos obscurantistas que vos animam a todos, e deixarem sossegado o proletariado, a quem só uma visão materialista dialéctica da realidade interessa. Levem daqui o vosso mundo de conto de fadas onde a harmonia serena entre classes é possível num prado verdejante regido pelo pacto social e pelos princípios gerais do direito. Esse mundo fantasioso é só uma cortina cor-de-rosa (em rigor, uma cortina amarela) que vocês põem em volta de uma coisa bruta e feia chamada legalidade burguesa, que existe para servir a classe exploradora, tal como vocês. Os trabalhadores serão livres e deixarão de ser explorados e oprimidos. Ainda que vocês não queiram.

13/Fevereiro/2016 O original encontra-se em cravodeabril.blogspot.pt/2016/02/saiam-das-nossas-costas.html?m=1

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/



http://resistir.info/portugal/vilela_13fev16.html

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Como obter um certificado de democracia 12/02/2016


por Daniel Vaz de Carvalho

1 – O exame

O exame é mediático. Comecemos pela pergunta eliminatória. O examinador (jornalista apresentador) coloca um ar traquina, estilo "com esta é que te vou tramar", e pergunta: "Acha que a Coreia do Norte é uma democracia?".

Não se pode mostrar que se tem dúvidas sobre a ditadura instalada no país. Se responder – como o ex-candidato do PCP, Edgar Silva – que se preocupa com os direitos humanos na Coreia do Norte, como nos EUA, na Arábia Saudita ou em qualquer outra parte do mundo, está eliminado. No dia seguinte, o que quer que tenha enunciado sobre as suas ideias e propostas, sobre as crescentes desigualdades e pobreza no país devido à política de direita, os destaques na comunicação social são que "… tem dúvidas que a Coreia do Norte não seja uma democracia". O que servirá depois para gáudio dos comentadores.

Se na altura do "exame" houver outro participante este deve aproveitar – mesmo que a pergunta não lhe tenha sido feita – para declarar o seu repúdio pelo "regime comunista" da Coreia do Norte e do seu ditador. Pode melhorar a nota mencionando também Cuba, por exemplo. Assim, mesmo que se apresente como "esquerda" ou mesmo "esquerda radical", os mediáticos examinadores dar-lhe-ão os mínimos para ser considerado(a) confiável, ou seja, mais ou menos inofensivo para o que se pretende na educação das massas.

Porém, para passar no exame não basta ser bom aluno, é preciso cair nas boas graças dos examinadores. Assim, para adquirir o certificado e a sua periódica revalidação é tão importante o que se diz como o que se não diz.

O facto de o poder em Kiev estar nas mãos de neonazis apoiados pela NATO não deve ser mencionado. Putin deverá sempre ser referido como ditador e a Crimeia como invadida e anexada. Ter havido um referendo não conta. No Kosovo, sim, contou, tanto mais que os EUA lá instalaram uma base militar, mas é melhor não falar nisso. É também importante achar que para resolver a questão Síria, Bashar-al-Assad deve ser afastado e o poder entregue à oposição "moderada".

Outra pergunta eliminatória consiste em saber se "é a favor da saída do euro". Se disser que o país deve proceder ao estudo e preparar-se para essa situação, reprova. Escusa de insistir ou procurar mostrar-se simpático, prepare-se: as entrevistas vão ser como que interrogatórios e cada resposta contestada.

Dizer que Portugal deve permanecer no euro embora a sua "arquitetura" tenha de ser modificada, permite passar as eliminatórias, obter simpatia mediática e lugar como figurante na farsa do pluralismo vigente desempenhando o seu papel sem pôr em causa o que é fundamental para o sistema.

Contudo para lhe darem este papel, não caia na asneira de defender o controlo público ou a nacionalização dos sectores estratégicos e muito menos de se considerar marxista-leninista, isto é, ter o materialismo-dialético como referência para analisar a realidade, a passada e a presente, bem como as perspectivas de futuro. Se o fizer, será reprovado e qualificado como "estalinista"

2 – Aprofundamento de alguns pontos importantes

É importante repetir como verdade absoluta o que dizem os media de referência. Sendo estrangeiros confere grande autoridade a quem os menciona. Nenhum apresentador se atreverá a discutir o que diz o Financial Times ou o Wall Street Journal. Citar relatórios do FMI ou da CE mostra que se está a lidar com alguém superiormente equipado intelectualmente, mesmo que previsões daquelas entidades tenham estado invariavelmente erradas e as medidas impostas se mostrem contraproducentes.

Mas não se pense que no mundo mediático não há espaço para ser de esquerda ou mesmo "esquerda radical". Portanto, não se desista à partida. Pode ficar-se bem cotado na bolsa mediática se se tiver atenção a algumas questões já aqui citadas. Salientemos duas muito importantes. A Coreia do Norte e o "estalinismo". Para não cometer erros nestas matérias convém ignorar e, se for o caso, repudiar tudo o que se segue.

É a Coreia do Norte uma democracia? A pergunta não faz sentido por duas razões. Primeiro, o interlocutor só aceita como democracia um sistema capitalista parlamentar que não conteste a hegemonia dos EUA; segundo, a pergunta induz à partida que a Coreia do Norte seria o único ou dos únicos países do mundo referenciados como ditadura.

Mas acresce uma outra razão: a Coreia do Norte é um Estado que permanece em guerra com os EUA e a coligação que chefiaram. Apesar das tentativas e propostas da Coreia do Norte para ser assinado um tratado de paz com os EUA que poria fim ao seu programa nuclear, foi sempre recusado. Existe apenas um armistício com os EUA, que portanto se mantém como adversário, dispondo de bases militares e importantes efetivos terrestres, marítimos e aéreos na proximidade das fronteiras da Coreia do Norte.

Nenhum país em estado de guerra é uma democracia e nem é preciso chegar a este ponto. Nos EUA e na UE verificamos que cada vez mais as liberdades democráticas são seriamente cerceadas seja por razões de "segurança" [NR] , seja pelo forçado endividamento e a "austeridade".

Relatos de visitantes e reportagens sobre a Coreia do Norte contrariam o que se propala sobre aquele país. Apesar da hostilidade de que se vê rodeado, os testemunhos dão conta de um governo que se esforça por melhorar a vida dos cidadãos partilhando o seu labor. Cada um ajuíze por si segundo reportagens que com diversas visões contrariam a "narrativa" institucionalizada. [1]

A atual liderança promove uma abertura ao exterior e um grande esforço de desenvolvimento económico, científico e tecnológico, evidente nos seus avanços nas tecnologias aeroespaciais. Uma reportagem dá conta das condições de vida oferecidas a um cientista, curiosamente não ligado à produção militar, mas à biologia.

Existe um líder carismático e é inegável a existência de um culto da personalidade pouco condizente para a mentalidade ocidental – o facto é que no ocidente submetidos às oligarquias não existem líderes dignos deste nome….

A direção política norte-coreana considera que o seu sistema é a forma de manter a soberania do país e não cair nos erros que as cedências ao ocidente produziram na Líbia, no Iraque, na Rússia de Ieltsin, ou a algo como o que ocorre na Síria.

Não desejamos nem propomos nas margens do Tejo um sistema de organização política como o norte-coreano. Porém a Coreia do Norte merece a nossa amizade, solidariedade e admiração pela luta do seu povo na construção pacífica de um Estado plenamente desenvolvido. Assim deixasse de existir o imperialismo e as suas ingerências.

Quanto ao chamado "estalinismo" – o que quer que isto queira dizer aqui e agora – é um conceito inventado pelo antimarxismo para condicionar e desacreditar as teses e a ação dos partidos e movimentos que lutam pela superação da sociedade capitalista e a construção do socialismo. "Estalinista" passou a ser um termo de carácter pavloviano (desencadeamento de reflexos condicionados) muito útil no processo de alienação vigente.

Estaline foi responsável por grandes êxitos do socialismo, mas também erros e abusos que desvirtuaram a democracia socialista. Contudo, comprovadas falsidades sobre aquele período histórico são ampliadas e repetidamente divulgadas. Os crimes do imperialismo e do colonialismo são escamoteados; as situações de repressão motivadas pela cruel guerra de agressão das potências ocidentais 1918 -1921 (dita "guerra civil"), conspiração, sabotagem e terrorismo posteriores, invasão nazi-fascista, são integralmente atribuídas ao socialismo e caluniadas como "estalinismo".

É grosseira violação da verdade histórica ignorar os êxitos da URSS no desenvolvimento económico e social, na construção do socialismo, na luta pela emancipação dos povos e contra o fascismo, durante o período designado "estalinista".

O termo "estalinista é utilizado atualmente pela direita, pela social-democracia, e também por certa esquerda como calúnia contra as teses básicas do marxismo-leninismo, teses que como nenhumas outras defendem e lutam pela paz, pela democracia económica e social e pelas relações de igualdade e não ingerência nas relações entre os povos. O capitalismo mostrou que nada disto é possível no seu sistema, daí ser usado como condicionamento intelectual e comportamental o "estalinismo" – termo sem qualquer relação com a realidade do nosso tempo e do nosso país.

3 – Alguns conselhos adicionais

Quando há factos que se tornam evidentes e mesmo escândalo público, como as alegadas fraudes bancárias no BPN, BPP, BES, BANIF, as acusações devem ser dirigidas a pessoas (administradores, gestores, etc.) nunca denunciando a natureza predatória do sistema capitalista, que esmaga os povos com impostos em benefício de uma minoria que vive da usura, da especulação, da exploração e da austeridade.

A forma escandalosa como foram feitas privatizações e PPPs com prejuízo para o interesse público foi denunciada em relatórios do Tribunal de Contas. O tema foi evitado nos media e abafado pelos múltiplos ruídos em que é fértil. Nestes casos o que se pode criticar não é a intenção de privatizar, mas o Estado e os "políticos", defendendo sempre "menos Estado".

Para obter um certificado com distinção é necessário defender que a "economia de mercado" é a única viável e de sucesso, que o privado é eficiente, que o Estado é mau gestor. Claro que é mau gestor, ao colocar-se ao serviço dos interesses privados (a "economia de mercado") e não dos interesses coletivos e sociais, mas isto não se deve dizer.

Um comentário útil neste processo é exibir "ativo repúdio" pelo "modelo soviético", o que quer que isto seja, e o que tenha a ver com qualquer discussão sobre a situação atual.

Criticar os media e seus comentadores dá direito a reprovação. Se o fizer será sempre tratado como "testemunha hostil". É preciso ser bem comportado(a) e respeitador do seu poder, nunca esquecendo quem os controla. Para não haver descuidos nesta matéria vejamos o que diz quem sabe.

Segundo William Colby, ex-diretor da CIA, "a CIA controla todos os que têm importância nos principais media". "Comprar um jornalista custa mais barato do que uma boa garota, quase duzentos dólares por mês", afirmou um agente da CIA em discussão com Philip Graham, do Washington Post, sobre a possibilidade de encontrar jornalistas dispostos a trabalhar para a CIA.

Serge Halimi, diretor de Le Monde Diplomatique, afirmou que "a informação tornou-se um produto como qualquer outro. Um jornalista dispõe sobre a informação de pouco mais poder que uma empregada de supermercado sobre a estratégia comercial da empresa".

De facto, "a essência dos media não é informação: é o poder" diz John Pilger, acrescentando: "Nos EUA seis mega empresas: GE-(NBC), News Corp (FOX), Dysney, Viacom, Time Warner (CNN), CBS, controlam 90% do que vemos, ouvimos ou lemos; 232 executivos da comunicação social prescrevem a dieta informativa dos norte-americanos. A faturação destes seis grupos em 2010 foi de 275,9 mil milhões de dólares."

O fundador da Seara Nova, Raul Proença, escrevia em 1928: "Chama-se liberdade de imprensa, o direito exclusivo que têm certos potentados ou certos malfeitores, graças à sua fortuna ou às suas chantagens de influir na opinião do país."

Muito assertivo, Paul Craig Roberts classifica os media como os "presstitutos" e resume esta questão: "Nos dias de Marx, a religião era o ópio das massas. Hoje são os media." Dizia Marx em carta para o seu amigo Ludwig Kugelmann: "E para que outra coisa são pagos os tagarelas sicofantas que não sabem jogar nenhum outro trunfo científico a não ser que, em suma, na economia política não é permitido pensar?"

Nos media proliferam os "comentadores". A designação é consequente. De facto, na Idade Média, na escolástica, não havia investigadores, apenas "comentadores" de textos assimilados como dogmas. E ai daqueles que os contestassem…

Atualmente os "comentadores" de serviço ao sistema são a clerezia do neoliberalismo e suas instituições, FMI, BCE, CE: a troika dos interesses oligárquicos. Podem passar horas em monocórdicas charlas sobre a submissão às inquestionadas "regras da UE" e a conformidade com a dogmática neoliberal.

Queixam-se que a "reestruturação" não foi feita, mas as causas que originam e agravam as crises não são averiguadas: tudo o que sai fora do nihil obstat neoliberal é dado como não existente, blasfemo ou herético... Aqui se chegou. [1] www.rt.com/shows/documentary/203135-north-korea-kim-jongun/
www.rt.com/news/329192-north-korea-peace-demands/
eoriasdarevolucao.blogspot.pt/2014/11/152-imagens-que-provam-que-coreia-do.html
www.rt.com/news/329192-north-korea-peace-demands/

[NR] Em França, o parlamento acaba de inserir o "estado de urgência" na Constituição, cerceando direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Utilizaram como pretexto atentados recentes, de acordo com a receita americana: a implosão de edifícios do World Trade Center em 11/Set/2001 permitiu aprovar de imediato a legislação repressiva que fora previamente elaborada.

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/



http://resistir.info/v_carvalho/como_obter_um_certificado_de_democracia.html

Capital fictício 12/02/2016



– Verbete da Grande Enciclopédia Soviética


por L. N. Krasavina

Capital Fictício — Capital investido em títulos de crédito (acções, obrigações), o qual dá aos possuidores o direito de se apropriarem regularmente de uma parte dos lucros na forma de dividendos ou de juros. Sendo o papel contrapartida do capital real, o capital fictício tem um movimento especial externo ao capital existente. Como uma mercadoria específica, ele é comprado e vendido num mercado especial — a bolsa de valores — e adquire um preço. Mas uma vez que os títulos de crédito não possuem valor [intrínseco], as flutuações no seu preço de mercado não coincidem (e isso acontece com frequência) com mudanças no capital real.

O preço do capital fictício é o rendimento capitalizado a ser derivado dos títulos de crédito. Ele é directamente proporcional ao nível de rendimento dos títulos de crédito e inversamente proporcional à taxa de juro bancária num dado país. Exemplo: se o rendimento anual de um título de crédito for de US$20 e a taxa de juro bancária for de 5 por cento, então o preço deste título de crédito será (20 x 100)/5 = US$400. A diferença entre os montantes de capital fictício e o capital existente constitui o lucro promocional. Um método utilizado na obtenção deste lucro é a emissão de acções num montante que excede significativamente o capital realmente investido na empresa.

Na era do imperialismo, a emissão de títulos de crédito cresce numa escala enorme; ao mesmo tempo, o crescimento do capital fictício ultrapassa o aumento do capital existente. Este crescimento rápido é provocado pelo uso generalizado de acções para financiar empresas, pelo crescimento da dívida nacional surgida de aumentos em despesas improdutivas pelos estados burgueses com a militarização e a guerra, e pela intensificação da inflação. No decorrer do ciclo de negócios, o capital fictício expande-se durante períodos de ascensão e contrai-se durante períodos de crise.

O capital fictício distingue-se também do capital de empréstimo. Os títulos de crédito constituem uma área de investimento para o capital de empréstimo. O capital fictício quantitativamente excede o capital de empréstimo e os movimentos dos dois tipos de capital não coincidem.

O desenvolvimento ulterior do fetichismo e do parasitismo das relações de produção capitalistas reflecte-se na categoria capital fictício. A fonte de rendimento com capital fictício é totalmente ocultada. Para os seus possuidores, os títulos de crédito parecem gerar rendimento por si mesmos. O parasitismo do capital fictício torna-se especialmente aparente no caso de empréstimos governamentais quando o governo gasta improdutivamente os fundos que levantou. Esta forma especial de capital fictício não só é destituída de valor como também, em muitos casos, não representa capital real. O juro de títulos governamentais é pago na sua maior parte através de receitas fiscais.

Na época da crise geral do capitalismo, têm-se verificado mudanças na estrutura do capital fictício. Com a expansão do sector estatal na economia e o aumento na dívida nacional, o mercado de títulos de crédito tornou-se cada vez mais saturado com títulos de crédito do governo. A coalescência de monopólios e governo pode ser vista em transacções conjuntas envolvendo capital fictício. Com frequência crescente, o governo entra no mercados de títulos de crédito como devedor, credor e fiador, além disso, em contraste com empresas privadas, o governo ocupa um posição privilegiada uma vez que pode emitir títulos de crédito à vontade e pode oferecer vantagens fiscais aos investidores e garantias contra uma queda no valor de investimentos. Esta conexão entre o capital fictício e o crédito e as garantias do governo agrava a inflação. O controle monopolista do Estado sobre transacções com capital fictício permite a este capital ser utilizado para atender necessidades do tesouro de títulos de crédito adicionais, aumentando portanto o montante do capital sob o controle de oligarquias financeiras. Referências
Marx, K. Kapital , vol. 3, chs. 29 and 30. In K. Marx and F. Engels, Soch ., 2 nd ed., vol. 25, part 2.
Lenin, V. I. Imperializm, kak vysshaia stadiia kapitalizma . In Poln. sobr. soch ., 5th ed., vol. 27.
Trakhtenberg, I. A. Kreditno-denezhnaia sistema kapitalizma posle vtoroi mirovoi voiny . Moscow, 1954.
Anikin, A. V. Kreditnaia sistema sovremennogo kapitalizma . Moscow, 1964.
Shenaev, V. N. V. N. Banki i kredit v sisteme finansovogo kapitala FRG. Moscow, 1967.
Krasavina, L. N. Novye iavleniia v denezhno-kreditnoi sisteme kapitalizma: Na materialakh Frantsii . Moscow, 1971.

Traduções adoptadas:
Securities: Títulos de crédito; Bonds: Obrigações; Income: Rendimento; Revenues: Receitas; Rent: Renda; Earnings: Ganhos

Ver também:

O capital fictício, como a finança se apropria do nosso futuro en.wikipedia.org/wiki/Fictitious_capital

O original é um verbete da Great Soviet Encyclopedia, 3 rd Edition (1970-1979), The Gale Group, Inc., transcrito em http://encyclopedia2.thefreedictionary.com/Fictitious+capital . Este texto é anterior à explosão dos derivativos, o paroxismo absoluto do capital fictío. Tradução de JF.

Este verbete encontra-se em http://resistir.info/



http://resistir.info/crise/capital_ficticio2.html

No fluxo contínuo do tempo não há lugar para o presente 12/02/2016

Com informações da Universidade Griffith - 08/02/2016

A professora Joan Vaccaro contesta a noção geral de que há uma assimetria entre espaço e tempo. [Imagem: Griffith University]


Assimetria entre tempo e espaço

A professora Joan Vaccaro, da Universidade Griffith, na Austrália, está desafiando a noção há muito tempo aceita pela ciência de que a seta do tempo - a incessante evolução do universo do passado rumo ao futuro - é uma parte elementar da natureza.

Nesse campo, entre teorias e experimentos, há propostas para todos os gostos, desde a confirmação da seta do tempo até a demonstração de que o futuro afeta o passado. Ou você pode optar por comparar a confirmação de que o Universo não dá marcha-a-ré com a ideia de que a sequência de causa e efeito não faz sentido no reino quântico.

A professora Vaccaro não fica com a maioria, e sugere que há uma origem mais profunda e mais elementar do espaço-tempo porque há uma diferença entre os dois sentidos do tempo: para o futuro e para o passado.

"Na conexão entre tempo e espaço, o espaço é mais fácil de entender porque ele simplesmente está lá. Mas o tempo está sempre nos forçando para o futuro.

"Entender como a evolução do tempo nos aparece desta forma abre toda uma nova visão sobre a natureza fundamental do próprio tempo. E pode até nos ajudar a entender melhor ideias bizarras como viajar no tempo," contextualiza ela.

Simetria do espaço e do tempo

A pesquisadora começa descrevendo a assimetria entre tempo e espaço, no sentido de que os sistemas físicos inevitavelmente evoluem ao longo do tempo, ao passo que não existe uma relação correspondente onipresente no espaço.

É essa assimetria que se vem presumindo ser um elemento básico na natureza, sendo expressa por equações das leis de movimento e de conservação de energia que operam de forma diferente ao longo do tempo e do espaço.

No entanto, a professora Vaccaro usou um "formalismo soma sobre caminhos", ou "soma sobre as histórias", elaborado por Richard Feynman, para demonstrar a possibilidade de uma simetria entre tempo e espaço, ou seja, contestando a visão convencional da seta do tempo e da inexorável evolução do passado para o futuro.


Outros pesquisadores especulam que reverter o tempo pode criar tecnologias futurísticas. [Imagem: Frazier et al.]

"Experimentos com partículas subatômicas ao longo dos últimos 50 anos mostram que a natureza não trata as duas direções do tempo de forma igual. Em particular, partículas subatômicas chamadas mésons K e B se comportam de forma ligeiramente diferente, dependendo do sentido do tempo.

"No entanto, embora nós estejamos realmente avançando no tempo, há também sempre algum movimento para trás, uma espécie de efeito de sacudidela, e é esse movimento que eu quero medir usando estes mésons K e B," diz a física.

Evolução contínua

"Quando esse comportamento sutil é incluído em um modelo do Universo, o que vemos é o Universo mudando de ser fixo em um momento no tempo para estar continuamente evoluindo. Em outras palavras, o comportamento sutil parece ser responsável por fazer o Universo se mover no tempo," explica Vaccaro.

Em outras palavras, considerar que o futuro surge do presente implica em aceitar um presente "fixo", ao menos no momento específico chamado presente, enquanto a pesquisadora acredita que suas equações mostram que nunca há "fixidez" - só há fluxo, o fluxo que empurra o passado para o futuro, impulsionado pela "agitação" intrínseca do mundo subatômico.

Isto pode representar uma mudança radical do ponto de vista filosófico. Pode-se, por exemplo, questionar noções do tipo "Concentre-se no seu presente", substituindo-as por algo como "Siga o fluxo".

Enquanto espera pelos experimentos que possam demonstrar seu formalismo matemático, Vaccaro diz que a pesquisa fornece uma solução para a origem da dinâmica, uma questão nunca resolvida que incomoda a ciência há muito tempo.

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=no-fluxo-continuo-tempo-nao-ha-lugar-presente&id=010130160208

Cientistas comprovam ondas gravitacionais de Einstein 12/02/2016

Pequenas ondulações no tecido do espaço-tempo são provocadas pela aceleração de um corpo com massa.


Cientistas americanos anunciaram nesta quinta-feira (11) terem comprovado a existência das ondas gravitacionais previstas pelo físico Albert Einstein, uma parte da sua famosa Teoria da Relatividade.

saiba mais

Entenda a comprovação da parte que faltava da Relatividade



 

Detector de ondas gravitacionais na Alemanha Foto: EFE

As ondas gravitacionais são pequenas ondulações provocadas no tecido do espaço-tempo quando um corpo com massa é acelerado. Elas podem ser comparadas às ondas que se formam na água após o arremesso de uma pedra.

O deslocamento de um corpo com massa se dá após acontecimentos muito violentos, como uma colisão de galáxias e a fusão de dois buracos negros.


Chefe do arquivo da Universidade de Jerusalém mostra os manuscritos originais de Einstein sobre as ondas gravitacionais. Foto: EFE

Até então, não havia evidência concreta da existência das ondas gravitacionais, que distorcem o espaço-tempo e se propagam à velocidade da luz.

Segundo cientistas, o anúncio do grupo de pesquisadores do Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory (Ligo) representa o início de uma nova era para a astronomia. Alguns compararam a comprovação da teoria com o momento em que Galileu observou os planetas com um telescópio.

A equipe de astrofísicos usou um novo e potente telescópio de US$ 1,1 bilhão para detectar uma onda gravitacional formada pela fusão de dois buracos negros numa galáxia distante 1,3 bilhão de anos-luz da Terra.



Deutsche Welle

 http://noticias.terra.com.br/ciencia/espaco/cientistas-comprovam-ondas-gravitacionais-de-einstein,0d90e173f3291011ef94692eba98e7c3hgpzg6r0.html

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Ferrovia Transoceânica dá outro passo 08/02/2016



Governos de MT, AC, RO e China se unem para construir Ferrovia

Ferrovia Transoceânica ligará os oceanos Atlântico e Pacífico.
Representantes da China visitam MT nesta semana.


Do G1 MT

Ferrovia Transoceânica passará por vários estados brasileiros até chegar ao Oceano Pacífico pelo Peru. (Foto: Reprodução/TVCA)



Um protocolo de intenções em prol da Ferrovia Transoceânica foi assinado em Ji-Paraná (RO), nesta segunda-feira (8), pelo governador de Mato Grosso, Pedro Taques, do Acre, Tião Viana, e de Rondônia, Confúcio Moura. A cerimônia de assinatura do protocolo de intenções contou com a presença do embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang, e um grupo de 23 empresários chineses que fazem uma expedição pelas cidades que serão beneficiadas com a implantação da Ferrovia Transoceânica.

O protocolo é resultado de uma parceria estratégica firmada entre os dois países e os 35 acordos assinados pela presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro da China, Li Keqiang, no último dia 19 de maio. Um deles prevê o estudo de viabilidade de implantação da Ferrovia Transoceânica, que, pelo projeto, sai do Rio de Janeiro, passa por Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Acre e termina no Peru.
saiba mais
Visita de comitiva chinesa ao Brasil pode trazer investimentos ao país

A China quer aumentar os negócios na América Latina, e facilitar o acesso à produção brasileira, principalmente de soja, sem depender do Canal do Panamá, que tem forte influência dos Estados Unidos. Mas para se tornar realidade, o projeto tem que enfrentar desafios de engenharia, ambientais e políticos.

Especialistas afirmam que os investimentos na ferrovia podem ficar próxima a R$ 30 bilhões. Os mais beneficiados seriam os produtores rurais do Oeste de Mato Grosso, que teriam um caminho mais curto para escoar a safra, principalmente de soja, reduzindo o transporte pelas rodovias. Em 2014, a China importou de Mato Grosso produtos no valor de US$ 4,9 bilhões, sendo que US$ 4,6 bilhões foram destinados à importação de soja, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Governador de Mato Grosso, Pedro Taques,
assinou protocolo de intenções nesta segunda (8)
(Foto: Secom-MT)

Para o governador de Mato Grosso, que esteve com o representante da República Popular da China em Brasília para discutir sobre a ferrovia em maio, esta é uma obra importante para o Estado. “Nos anima mais ainda o fato do governo federal tratar publicamente da ferrovia como um projeto estratégico para o Brasil. Mato Grosso ajuda muito o Brasil, agora, o Brasil também precisa ajudar Mato Grosso e os estados produtores", disse na ocasião.

De acordo com o governo do Estado, a previsão é de que a comitiva chegue em Mato Grosso às 8h da terça-feira (9), em Comodoro, localizado a 644 km a Oeste de Cuiabá, onde os representantes serão recebidos pelo governador e o vice-governador, Carlos Fávaro.

A programação prevê que a comitiva visite ainda Campo Novo do Parecis, a 397 km de Cuiabá, durante o almoço e siga para Lucas do Rio Verde, a 360 km de Cuiabá, onde na quarta-feira (10) a implantação da ferrovia será discutida em um evento, com a presença do governador e, possivelmente, do ministro dos Transportes, Antônio Carlos Rodrigues, representando o governo federal.

http://g1.globo.com/mato-grosso/agrodebate/noticia/2015/06/governos-de-mt-ac-ro-e-china-se-unem-para-construir-ferrovia.html

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

CPMF incomodaria EUA, nova lavanderia global 02/02/2016



O imposto mais justo do mundo, cobrado de todos, pagando-o mais quem ganha mais e menos quem ganha menos sobre todas as movimentações financeiras na economia, como é o caso da…


Cesar Fonseca em 02/02/2016


A grande mídia tupiniquim, serviçal do capitalismo financeiro especulativo nacional e internacional, faz escarcéu geral contra CPMF porque se trata de imposto justo que fixa relações econômicas dinâmicas na sociedade com total transparência para demonstrar que paga mais quem ganha mais e menos quem ganha menos, democratizando as relações sociais e econômicas, dando cabo dos sonegadores e da evasão fiscal, do dinheiro dos ricos para os paraísos fiscais, como o que está se erguendo nos Estados Unidos, para se transformarem na grande lavanderia global, configurando a nova etapa do capitalismo financeiro especulativo em crise, fugindo do pagamento de juro para não estourar dívida pública e promover corridas bancárias explosivas.
O imposto mais justo do mundo, cobrado de todos, pagando-o mais quem ganha mais e menos quem ganha menos sobre todas as movimentações financeiras na economia, como é o caso da CPMF – Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira -, certamente, sofrerá intensa pressão dos sonegadores inimigos da transparência.
Como os sonegadores iriam para os paraísos fiscais onde ficam livres do leão da receita federal se antes de lá chegarem teriam deixado nos caixas dos bancos recolhidos o imposto cobrado na movimentação financeira?
Os paraísos fiscais, como os que começaram a ser criados nos Estados Unidos, para enxugar liquidez global que ameaça o capitalismo americano, evitando que Tio Sam pague juro aos especuladores e se livre de estouros no seu endividamento público, sofreriam revezes com a existência da CPMF, caso fosse aprovada no Brasil e servisse de exemplo para o mundo.
A razão é obvia: a sonegação é eliminada pela transparência total.
Ficaria inviável aos bilionários sonegadores brasileiros transferirem seus capitais sonegados para os paraísos fiscais, utilizando diversas artimanhas, todas, invariavelmente, realizadas pelas atividades bancárias.
Se toda movimentação tem que ser taxada, obrigatoriamente, pela CPMF, configurando transparência total, como não saber as fortunas fantásticas que são movimentadas pela elite, beneficiária de modelo de desenvolvimento econômico concentrador de renda e promotor de exclusão social, responsável por inflação, recessão, arrocho salárial, empobrecimento coletivo, quedas de produtividade e de competitividade da economia como um todo etc?
O tamanho da sonegação que se realiza no capitalismo moderno marcado pela financeirização econômica altamente especulativa ficaria exposto e, naturalmente, mobilizaria a opinião pública para defender justiça social distributiva de renda.
As carências financeiras dos setores sociais, para onde canalizar-se-iam os recursos arrecadados com a CPMF, seriam eliminadas.
Consequentemente, tal eliminação se traduziria em aumento da renda disponível para o consumo coletivo.
Mais produção, mais emprego, mais arrecadação, mais investimentos seriam o resultado lógico da transparência tributária decorrente da implantação do imposto amplamente democrático.
Produção e consumo equilibradas, por sua vez, removeriam pressões inflacionarias.
A automaticidade da distribuição dos recursos da CPMF, em obediência a institucionalização dos mecanismos existentes, no plano federativo, ampliaria o processo democrático de distribuição da renda.
Isso aconteceria, sobretudo, com simplificação e distribuição total do imposto sobre as movimentações financeiras.
Acabaria, naturalmente, a burocracia necessária à gerência de sistema tributário atual complexo e injusto que favorece sonegação, levando os mais ricos a implantarem planejamentos tributários para alcançarem elisões fiscais, redução de impostos para os que podem utilizar de tais mecanismos sonegadores.
A CPMF, pela sua intrínseca forma democrática de ser, promoveria, amplamente, o espírito empreendedor, dada sua simplicidade em agilizar, tanto o nascimento como encerramento de atividades produtivas, sem custos adicionais.
A partir do momento em que nasce o empreendimento, o tributo começa a ser arrecadado a cada movimentação, tendo, ao final do dia, relatório completo de atividades, que representa, simultaneamente, declaração de imposto de renda, devidamente, quitado.
Desse modo, ao encerrar suas atividades, o empresário já tem liquidadas também suas obrigações com o fisco, dadas pelos relatórios emitidos como produtos da sua própria movimentação.
O empresário deixaria de ser considerado intrínsecamente sonegador, ladrão, assim visto pela sociedade, condicionada pelo sistema tributário obscuro, injusto, antiprodutivo.
Da mesma forma, a simplificação tributária produziria ampliação da base tributária.
Todos pagariam impostos porque estaria eliminada qualquer motivação para sonegação.
O volume de arrecadação daria um salto, na medida em que tudo que se movimenta na rede bancária, por meio do qual se realizam as relações econômicas modernas, é taxado.
Como fugir de impostos, promovendo sonegação, dirigindo-se para os paraísos fiscais, para calotear a receita federal, se, na saída, seja qual for, mediada por transferência bancária, o pagamento de imposto se faz automaticamente?
Os lucros dos bancos ficariam à mostra, completamente, com a universalização da CPMF.
Estaria estimulada ação governamental para corrigir distorções econômicas, em favor de mais e melhor justiça social, plenamente justificada pela movimentação financeira de cada setor ou cada cidadão.
Não seria essa a razão da resistência contra a CPMF por parte das elites financeiras, dos sonegadores em geral, que buscam os paraísos fiscais, para não pagarem imposto?

http://independenciasulamericana.com.br/2016/02/cpmf-incomodaria-eua-nova-lavanderia-global/

Guerra monetária: EUA puxa juro e baixa petróleo. Brasil fica de graça para Tio Sam 02/02/2016



Cesar Fonseca em 27/01/2016


GEOPOLÍTICA IMPERIALISTA MONETÁRIA AMERICANA COMANDADA PELOS JUDEUS DO FED, JANET YELLEN E STANLEY FISHER, EXIGE UNIÃO LATINOAMERICANA URGENTE CONTA SUCATEAMENTO CONTINENTAL ACELERADO.
Presidenta Dilma Rousseff, na reunião, amanhã, do chamado CONSELHÃO, juntando opiniões de diversos setores da sociedade, para encarar a crise financeira que parou o Brasil e jogou-o para marcha à ré violenta, tem pela frente guerra monetária e econômica pela frente praticada via juro zero ou negativo pelas economias mais ricas, com EUA, Europa, Japão e China, a fim de enfrentar perigos de deflação, queda da taxa de lucro e desemprego.
Enquanto isso, por aqui, pratica-se a mais brutal agiotagem do mundo, a ponto de banqueiros, como Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, alertar que sobra muito dinheiro no seu caixa sem ter a quem emprestar.
Claro, os consumidores, falidos, não querem mais ser assaltados pelos agiotas.
Com juro em alta, destruindo as finanças públicas, e petróleo em baixa, aprofundando a crise financeira da Petrobras, que fazer, senão ir, também, na corrente dos ricos, ou seja, diminuir juro e impostos, principalmente.
Talvez seja necessário, igualmente, reduzir o preço da gasolina, quando o barril de petróleo vai a 10 dólares.
A economia mundial vai numa maré de baixa de preços, enquanto, no Brasil, a maré é de alta, produzindo buraqueira econômico financeira geral.
Nada mais vantajoso para os abutres internacionais, de olho para comprar barato, quase de graça, o patrimônio nacional, pré sal, terras férteis, energia, reservas minerais etc.
Tudo que a manufatura global requer está disponível por aqui para ser leiloado baratinho, baratinho.




OS ANALISTAS ECONÔMICOS TUPINQUINS


AINDA ESTÃO ACHANDO QUE A MOEDA


É MERO VALOR DE TROCA. NÃO


ENTENDERAM QUE É, COMO DISSE


COLBERT, MINISTRO DAS FINANÇAS


DO IMPERADOR LUIZ 14, ARMA DE GUERRA.




Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, será sensação na reunião do CONSELHÃO, amanhã, em Brasília, para discutir a crise econômica, recessão, desemprego, reação etc. Diz ele que o Bradesco e os demais bancos estão abarrotados de dinheiro, sem tomadores. Os tomadores, evidentemente, não suportam mais a agiotagem jurista vigente. Ele já adiantou-se favorável à expansão da oferta monetária para aquecer desenvolvimento. É o que os ricos estão fazendo para reduzir juro. Entrou na do Governo Dllma de promover as forças produtivas por meio dos bancos públicos. Será, mesmo, verdade que os bancos privados jogarão dinheiro a rodo no agronegócio, hoje, dominado por trades internacionais, dominadas por multis que massacram os produtores, inviabilizando lucratividade do setor e seu sucateamento pelos concorrrentes externos, temerosos da concorrência brasileira? Não se pode esquecer que uma das estratégias do império americano é pagar os outros para não produzirem, a fim de que o mercado de grãos, no mundo, seja dos americanos.
Vai se configurando estratégia geopolítica americana colocada em prática a partir de 2015, para convergir em 2016, visando supremacia de Tio Sam no campo monetário-econômico global, para detonar concorrentes do dólar, especialmente os BRICs.
Primeiro, Washington, para vencer a crise capitalista de 2008, jogou o juro para baixo, mediante expansão da oferta de moeda.
Evitou, dessa forma, estouro da dívida pública americana, o que aconteceria com os demais países pelo mundo afora, e possibilitou setor produtivo americano respirar, recuperando taxa de emprego e exportações, mediante moeda mais competitiva.
Nesse período, foram possíveis investimentos em energia alternativa ao petróleo, que derrubaram em 30% preços no petróleo americano.
Consolidada, relativamente, essa estratégia, Washington, agora, articula com Arábia Saudia, dominada pelas petroleiras americanas, queda violenta dos preços do petróleo, que abala o mundo.
Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, disse que escutou de sheiks árabes, em Davos, que o barril poderá chegar aos 10 dólares.
O pessoal do Estado Islâmico, que rouba petróleo da Síria, para vendê-lo a Israel, já cobra na casa dos 15 dólares, sinalizando preço médio previsto para os próximos meses pelos árabes.
Ou seja, com juro baixo e petróleo em queda, a economia mundial estressa-se em face de tendência deflacionária, queda de preços, de taxa de lucro e de empregos.
Apavorados, europeus e japoneses avisam que ampliarão, também, oferta monetária, para evitar estrangulamento produtivo, porque a jogada do BC europeu de subir juro, em 2011, contra crash capitalista de 2008 foi desastre; produziu fortalecimento das esquerdas europeias, ameaçando o status quo.
Nesse contexto, o jogo geopolítico dos Estados Unidos, segundo Alfredo Jalife-Rahme, professor de Ciencias Políticas e Sociais na Universidade do México(UNAM), em La Jornada, visa combinar: 1 – queda maior ainda do preço do petróleo e 2 – inicio de puxada nas taxas de juros, porque o serviço de estabilizar a dívida americana já está feito.


Alfredo Jali Rahme, da Universidade Nacional do México, especialista em geopolítica global, diz que EUA joga para manter o dólar soberano no mundo, evitando, de todas as formas, emergência dos BRICs, com moeda chinesa em ascenção como equivalente geral de troca. Nada de concorrentes. Dominação imperialista.
Juro em alta nos EUA e petróleo em baixa no mundo detonam economias emergentes como Rússia, Brasil, Venezuela, Irã, México.
Guerra monetária patrocinada por Wall Street, que manda no FED – comandado por dois influentes judeus, Janet Yellen, presidente, e Stanley Ficher, vice, também, ex-presidente do Banco Central de Israel – para, evidentemente, tentar inviabilizar o grande concorrente, o Banco BRICs.
A moeda chinesa, yuan, atrativo do BBRICS, dando cartas na cesta de moeda internacional do FMI, vira concorrente do dólar.
Os chineses podem emitir dinheiro(expansive eise, como os americanos) para tocar mercado imobiliário em grande oferta mediante agressiva política comercial, com disseminação de leasing.
As quedas últimas na bolsa de Pequim teriam ou não representado apostas contra a moeda chinesa, articulada por essa geopolitica monetária do FED, para evitar emergência do yuan como moeda global?
Essa hipótese, diz o analista mexicano, citando informações colhidas no The Telegraph, Financial Times, New York Times, torna-se cada vez mais evidente, como fator que apressa decisões dos bancos centrais do Japão e da Europa, para ir no rumo do FED, de modo a serem mais competitivos no ambiente de guerra monetária em ascensão.
Não é à toa que articulistas como Wolfgang Munchau, do Financial Times, considera correto discurso radical de esquerda do economista Narcho Álvarez, do PODEMOS, vitorioso nas últimos eleições legislativas na Espanha, defensor da renegociação de dívidas públicas dos países europeus como saída para a crise.
O que fizeram os Estados Unidos para enfrentar o crash que eles mesmo criaram, superespeculando com o dólar, derivativos de dólar etc?
Exatamente, isso: renegociação de dívidas, a partir da redução a zero ou negativa da taxa de juros.
Os americanos exportaram seus papagaios para o Brasil, por exemplo.
Os detentores de dólar, sem rendimento no juro americano, sob perigo de perderem tudo no calote patrocinado por Tio Sam, voaram para terra brazilis, encharcando, por aqui, a base monetária tupiniquim.
O BC de Tombini, desesperado, passou a emitir swaps – garantia de renda ao dólar, faça chuva ou faça sol – a custo exorbitante, mediante juros de agiota.
Resultado: estourou a dívida; não dá mais para puxar selic em nome do combate à inflação, como se verificou no último Copom.
Tio Sam praticou para si renegociação heterodoxa de sua dívida e obrigou os outros a se esfolarem no juro alto para conter enxurrada de moeda americana em suas fronteiras.
Resultado: a dívida pública implodiu e os bancos privados estão abarrotados de dinheiro sem terem a quem emprestar ao juro que cobram.
Candidatam-se a morrerem de infarto, a adiposidade gordurosa de capital especulativo que mantêm em suas veias.

http://independenciasulamericana.com.br/2016/01/guerra-monetaria-eua-puxa-juro-e-baixa-petroleo-brasil-fica-de-graca-para-tio-sam/

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Uma história sobre como surgem as histórias 01/02/2016

Pesquisa indica que alguns dos mais famosos contos de fadas existem há milhares de anos
por Antonio Luiz M. C. Costa — publicado 29/01/2016 15h24, última modificação 30/01/2016 02h49


Divulgação / Disney


Arte conceitual de "Gigantic", a versão da Disney para "João e o pé de feijão" que deve ser lançada em 2018: o conto original antecede a Bíblia Leia também

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Não seria grande surpresa encontrar quem pense que os contos de fadas foram inventados pela Disney. Espera-se, porém, que a maioria saiba que são mais antigos. Mas quanto mais?

Ilustrações e desenhos animados tendem a reproduzir roupas e cenários do século XVIII ou XIX, porque as versões hoje mais populares vêm das coletâneas editadas por Charles Perrault (1628-1703), pelos irmãos Jacob e Wilhelm Grimm (1785-1863 e 1786-1859, respectivamente) e por Christian Andersen (1805-1875), mas estas foram baseadas em narrativas orais recolhidas de tradições transmitidas entre gerações desde tempos imemoriais.

A presença de castelos, princesas, bruxas, dragões, florestas e cavaleiros dá a muitas dessas histórias um sabor medieval e muitos autores a discuti-las ou reescrevê-las presumiram ser elas originadas dessa época.

Entretanto, em 20 de janeiro, a pesquisadora Sara Graça da Silva, da Universidade Nova de Lisboa e seu colega Jamshid J. Tehrani, da Universidade de Durham, publicaram um artigo intitulado “Análise filogenética comparativa descobre as antigas raízes de contos indo-europeus” no qual demostram ser alguns desses contos bem mais antigos. Mais velhos do que a mitologia greco-romana clássica, o Antigo Testamento ou qualquer língua registrada por escrito.

Análise filogenética é propriamente o estudo da relação evolutiva entre grupos de organismos por métodos quantitativos. Os autores dizem ter aplicado métodos inicialmente desenvolvidos pela biologia para analisar as relações entre contos, histórias das populações e distâncias geográficas e encontrado fortes correlações filogenéticas, mas não espaciais, indicando a predominância de processos verticais de herança cultural sobre os empréstimos colaterais.

Comparando-se as versões de um conto, pode-se, assim, reconstruir sua árvore genealógica, assim como se reconstrói a evolução de um gênero de espécies animais desde o século XIX de Charles Darwin, de uma família de línguas desde os pioneiros da linguística histórica no século XVIII ou das diferentes versões de um texto clássico ou bíblico desde os humanistas do Renascimento.

Em alguns casos, como suspeitava Wilhelm Grimm, mas duvidavam a maioria dos pesquisadores modernos, sua origem praticamente coincide com a das línguas indo-europeias.

O conto do qual se encontraram as raízes mais antigas é aquele conhecido como “O Ferreiro e o Demônio”, no qual o protagonista vende a alma a uma entidade maligna para obter um poder sobrenatural sobre os metais e então o usa para aferrolhar o ser diabólico e forçá-lo a desistir de sua parte da barganha.

Uma das evoluções modernas desse conto é, provavelmente, o Fausto de Johann Wolfgang von Goethe (1808), baseado em uma lenda registrada por escrito desde o século XVI. Mas a árvore filogenética construída pelos autores indica uma origem anterior a 4.000 a.C. e à própria metalurgia do ferro.

Provavelmente surgiu entre os primeiros pastores indo-europeus a dominar a metalurgia do bronze, na atual Ucrânia, antes que as grandes pirâmides fossem construídas. Foi contada pela primeira vez em uma língua há muito esquecida antes de ser repetida e modificada pelos descendentes desses pastores que se espalharam da Europa Ocidental à Índia.

Um tanto menos antigos são os contos “O Menino que Roubou o Tesouro do Ogro”, do qual derivam histórias como “João e o Pé de Feijão”, o famoso “A Bela e a Fera” e “O Nome do Ajudante”, hoje mais conhecido como “Rumpelstiltskin”. Suas variantes são encontradas na maioria das comunidades linguísticas da Europa, de Portugal à Rússia, mas não nas línguas indo-iranianas.

Isso indica uma origem após a separação entre esses dois ramos culturais e linguísticos, mas antes de as línguas europeias divergirem nas subfamílias hoje conhecidas como eslava, germânica, celta e latina, por volta de 3.000 a.C.

Seria interessante descobrir se esse método pode ser levado ainda mais longe a ponto de detectar histórias criadas antes da separação entre a família indo-europeia e outras grandes famílias linguísticas, ou seja, na Idade da Pedra. E esclarecer se a semelhança com essas histórias e outras encontradas em culturas não indo-europeias é devida a origens comuns pré-históricas, influências mútuas ou casuais.

A coletânea A Bela e a Fera ao Redor do Globo, de Betsy Hearne (Companhia das Letrinhas, 2013), lista 27 contos mais ou menos similares, alguns dos quais recolhidos de culturas não indo-europeias, inclusive indígena norte-americana (“O Velho Coiote”), africana (“A História das Cinco Cabeças”), japonesa (“O Genro Macaco”), chinesa (“A Serpente Encantada”), turca (“A Princesa e o Porco”) e indonésia (“O Marido Lagarto”).

Entretanto, a ideia de que as semelhanças entre contos e mitos de diferentes culturas se devem a arquétipos inatos, gravados nos genes ou no mundo das ideias platônicas, pode desde já ser relativizada e questionada. É bem possível que tenham se difundido a partir de uma origem histórica ou pré-histórica definida, ao longo de peripécias tão interessantes quanto o próprio conto.



http://www.cartacapital.com.br/cultura/uma-historia-sobre-como-surgem-historias

Porque o petróleo abaixo dos US$30/barril é um grande problema 01/02/2016




por Gail Tverberg

Lê-se frequentemente que preços baixos do petróleo – US$30/barril, por exemplo – estimularão a economia e esta em breve se recuperará. O que há de errado nesta narrativa? Um bocado de coisas, como se verá:

1. Os produtores de petróleo não podem realmente produzir a US$30/barril.

Alguns países podem extraí-lo a US$30/barril. A Figura 1 dá uma aproximação dos custos técnicos de extracção para vários países. Ainda assim, não há muitos países a extraírem petróleo abaixo dos US$30/barril – só a Arábia Saudita, Irão e Iraque. Não haveria muito petróleo bruto se apenas estes países o produzissem.


Figura 1. Breakeven global de preços (considerando só custos técnicos de extracção) e produção de petróleo.
Fonte: Alliance Bernstein, Outubro 2014

2. Os produtores de petróleo realmente necessitam preços mais altos do que os custos técnicos de extracção mostrados na Figura 1, o que torna a situação ainda pior.

O petróleo só pode ser extraído dentro de um sistema mais vasto. As companhias precisam pagar impostos. Estes podem ser muito altos. Historicamente, para muitos países da OPEP, a inclusão dos mesmoselevou os custos totais a mais de US$100/barril .

Companhias independentes em países não OPEP também têm outros custos além dos técnicos de extracção, incluindo impostos e dividendos para accionistas. Além disso, se as companhias quiserem evitar tomar emprestado um enorme montante de dinheiro, precisam ter preços mais elevados do que simplesmente os custos técnicos de extracção. Se precisarem contrair empréstimos, os custos dos juros também precisam ser considerados.

3. Quando os preços do petróleo caem muito baixo, os produtores geralmente não interrompem a produção.

Há demoras inerentes ao sistema de produção de petróleo. Leva vários anos por em andamento um projecto de extracção. Companhias a trabalharem num projecto não costumam parar se ocorrerem preços baixos. Uma das razões para continuarem num projecto é a existência de dívida que deve ser reembolsada com juros, continue ou não o projecto.

Além disso, uma vez feito, um furo pode continuar a produzir durante vários anos. Os custos permanentes após a perfuração inicial geralmente são muito baixos. Os furos efectuados anteriormente geralmente serão mantidos em operação, pouco importando o preço corrente de venda do petróleo. Em teoria, estes furos podem ser interrompidos e recomeçados, mas os custos envolvidos tendem a desencorajar esta acção.

Os exportadores de petróleo continuarão a perfurar novos poços porque os seus governos precisam das receitas fiscais das vendas para financiarem seus programas. Estes países tendem a ter baixos custos de extracção, aproximadamente toda a diferença entre o preço de mercado e o preço exigido para operar a companhia acaba por ser pago em impostos. Portanto, há um incentivo para elevar a produção a fim de gerar receita fiscal adicional, se os preços caírem. Esta é a questão para a Arábia Saudita e muitos outros países da OPEP.

Muito frequentemente, companhias de petróleo compram contratos derivativos que as protegem do impacto de uma queda nos preços de mercado durante um período de tempo especificado (tipicamente um ano ou dois). Estas companhias tenderão a ignorar quedas de preços enquanto estes contratos estão em vigor.

Há também a questão da retenção de empregados. Num certo sentido, os maiores activos de uma companhia são os seus empregados. Uma vez perdidos estes empregados, será difícil contratar e treinar outra vez novos empregados. Assim, os empregados são mantidos por tanto tempo quanto possível.

Os EUA continuam a aumentar seu empenho nos biocombustíveis , sem se preocuparem com o preço do petróleo. Ninguém pára para pensar que na situação actual de super-oferta, este empenho aumenta a pressão por preços baixos.

Um travão no sistema deveria ser a aflição financeira induzida pelos preços baixos do petróleo, mas este efeito de travagem não ocorre necessariamente muito depressa. Exportadores de petróleo muitas vezes têm fundos de riqueza soberana a que podem recorrer para compensar baixa receita fiscal. Devido à disponibilidade destes fundos, alguns exportadores podem continuar a financiar serviços governamentais durante dois ou mais anos, mesmo com preços de petróleo muito baixos.

Incumprimentos de empréstimos de companhias de petróleo também deveriam actuar como um travão no sistema. Sabemos que durante a Grande Recessão, os reguladores permitiram que empréstimos para o imobiliário comercial fossem estendidos , mesmo quando as avaliações da propriedade caíam, mantendo oculto o problema. Para os reguladores há uma tentação de permitirem complacência semelhante quanto a empréstimos a companhias de petróleo . Se isto acontecer, o "efeito travagem" no sistema é reduzido, permitindo que o problema do incumprimento cresça até se tornar muito grande e não puder mais ser escondido.

4. A procura de petróleo não aumenta muito rapidamente após quedas de preços de um nível alto.

Algumas pessoas pensam que ir de um preço baixo para um preço alto é o oposto de ir de um preço alto para um preço baixo, em termos dos efeitos sobre a economia. Realmente não é o caso.

4a. Quando os preços do petróleo ascendem de um preço baixo para um preço alto , isto geralmente significa que a produção tem sido insuficiente, apenas com a produção que podia ser obtida ao nível de preço mais baixo anterior. O preço deve ascender a um nível mais alto a fim de estimular produção adicional.

A razão porque o custo da produção de petróleo tende a ascender é porque o óleo de extracção mais barata é removido primeiro. Os produtores de petróleo devem portanto continuar a acrescentar produção que é sempre mais carta por uma razão ou por outra: localização de alcance mais difícil, tecnologia mais avançada, ou necessidade de passos adicionais que exigem trabalho humano adicional e mais recursos físicos. Eficiências crescentes podem de certo modo compensar esta tendência, mas a tendência global do custo de produção tem sido drasticamente de subida desde cerca de 1999 .

A ascensão do preço do petróleo tem um impacto adverso sobre a viabilidade (affordability). O padrão habitual é que após uma subida no preço do petróleo economias de países importadores de petróleo entram em recessão. Isto acontece porque os salários dos trabalhadores não aumentam ao mesmo tempo que os preços do petróleo. Em consequência, os trabalhadores descobrem que não podem comprar tantos produtos e devem reduzir os gastos. Estas reduções em compras criam problemas para os negócios, porque estes geralmente têm custos fixos que incluem hipotecas e outros pagamentos de dívidas. Se estes negócios tiverem de continuar a operar são forçados a cortar custos de um modo ou de outro. A redução de custo ocorre de muitas maneiras, incluindo reduções de salários de trabalhadores, despedimentos, automação e deslocalizações de manufacturas para locais mais baratos.

Tanto para empregadores como para empregados, o impacto destas mudanças rápidas frequentemente é sentido como se um tapete tivesse sido puxado debaixo dos pés. É muito desagradável e desconcertante.

4b. Quando os preços caem, a situação que se verifica não é a oposta de 4a. O patronato acha que graças a preços mais baixos do petróleo os seus custos são um pouco mais baixos. Muito frequentemente, eles tentarão manter algumas destas poupanças como lucros mais elevados. Governos podem optar por elevar taxas de impostos sobre produtos petrolíferos quando os preços caem, porque os consumidores serão menos sensíveis a uma tal mudança do que seria o caso de outra forma. Negócios não têm qualquer motivação para abandonar técnicas de poupança de custos que adoptaram, tal como a automação ou a deslocalização para lugares mais baratos.

Poucos empresários construirão novas fábricas com a expectativa de que os preços baixos do petróleo estarão disponíveis por longo tempo, porque entendem que os preços baixos são apenas temporários. Eles sabem que se os preços não recuarem num razoável período de tempo (meses ou poucos anos), a quantidade de petróleo disponível é provável que caia precipitadamente. Se houver suficiente petróleo disponível no futuro, os preços precisarão ser suficientemente alto para cobrirem o verdadeiro custo de produção. Portanto, os baixos preços actuais são no máximo um benefício temporário – algo como o olho de um furacão.

Uma vez que o impacto dos preços baixos é apenas temporário, os empresários desejarão adoptar apenas mudanças que possam acontecer rapidamente e possam ser facilmente revertidas. Um restaurante ou bar pode acrescentar mais empregados e empregadas de mesa. Um negócio de vendas de carros pode acrescentar mais alguns vendedores porque as vendas podem ser melhores. Uma fábrica automobilística pode programar mais turnos de trabalhadores, de modo a manter muito alto o número de carros produzidos. Companhias de aviação podem acrescentar mais voos, se o puderem fazer sem comprar aviões adicionais.

Devido a isso, os empregos que são acrescentados à economia são provavelmente sobretudo no sector de serviços. Assim, pode-se esperar que continue a mudança rumo à deslocalização em países de custo mais baixo e à automação. Cidadãos obterão algum benefício com os preços do petróleo mais baixos, mas não tanto se governos e empresários avançarem para partilhar suas poupanças. O benefício para cidadãos será muito menor dos que se todas as pessoas que despedidas na última recessão obtivessem seus empregos de volta.

5. A queda drástica nos preços do petróleo nos últimos 18 meses tem pouco a ver com o custo de produção.

Os preços recentes do petróleo representam, ao contrário, uma tentativa do mercado para encontrar um equilíbrio entre oferta e procura. Uma vez que a oferta não desce rapidamente em resposta a preços mais baixos e a procura não sobe rapidamente em resposta a preços mais baixos, os preços podem cair muito baixo – bem abaixo do custo de produção. [NR]

Como observado na Secção 4, preços altos do petróleo tendem a ser recessivos. O método primário de compensar forças recessivas é, directa ou indirectamente, acrescentar dívida a baixas taxas de juro. Como isto aumenta-se a dívida, mais casas e fábricas podem ser construída e mais carros podem ser comprados. A economia pode ser forçada a actuar de uma maneira mais "normal" porque as baixas taxas de juro e a dívida adicional em certo sentido neutralizam o impacto adverso de altos preços do petróleo.


Figura 2. Oferta mundial e preços do petróleo com base em dados da EIA

Os preços do petróleo caíram muito baixo em 2008 devido a influências recessivas que se verificaram quando os preços estavam altos . Foi apenas com o benefício do estímulo baseado em dívida considerável que os preços do petróleo foram gradualmente inflados ao nível de mais de US$100 por barril. Este estímulo incluiu o gasto deficitário estado-unidense, a Quantitative Easing (QE) que arrancou em Dezembro de 2008, e um considerável aumento de dívida por parte dos chineses.

Os preços das commodities tendem a ser muito voláteis porque utilizamos grandes quantidades delas e porque a [capacidade de] armazenagem é bastante limitada. A oferta e procura tem de equilibrar-se quase exactamente, ou os preços ajustam-se mais altos ou mais baixos. Agora estamos de volta a uma situação "fora de equilíbrio", semelhante à que estávamos no fim de 2008. Nossas opções para consertar a situação desta vez são mais limitadas. As taxas de juro já estão muito baixas e os governos geralmente sentem que têm demasiada dívida para poderem tratá-la com segurança.

6. Um factor contributivo para os baixos preços do petróleo actuais é abandono dos esforços de estímulo de 2008.

Como observado na Secção 4, altos preços do petróleo tendem a ser recessivos. Como observado na Secção 5, este impacto recessivo pode, pelo menos em alguma medida, ser compensado por estímulos na forma de dívida acrescida e taxas de juro mais baixas. Infelizmente, este estímulo tem tendido a ter consequências adversas. Ele encorajou a construção excessiva tanto de casas como de fábricas na China. Encorajou uma ascensão especulativa nos preços de activos. Encorajou investimentos em empresas de lucratividade questionável, incluindo muitos investimentos petrolíferos em formações xistosas nos EUA.

Em resposta a estes problemas, o montante dos estímulos está a ser reduzida. Os EUA descontinuaram seu programa QE e reduziram seu gasto deficitário . Em Dezembro de 2015 começaram mesmo a aumentar taxas de juro. A China também está a reduzir a quantidade de nova dívida que está a acrescentar.

Infelizmente, sem o alto nível de estímulos do passado, é difícil para a economia mundial crescer bastante rapidamente a fim de manter altos os preços de todas as commodities, incluindo o petróleo. Isto é um factor importante que contribui para os actuais preços baixos.

7. O perigo com muito baixos preços do petróleo é que perderemos os produtos energéticos sobre os quais repousa nossa economia.

Há um certo número de diferentes meios pelos quais a produção petrolífera pode ser perdida se os preços baixos do petróleo continuarem por um período extenso.

Em países exportadores de petróleo pode haver revoluções e tumultos políticos que levem a uma perda da produção do óleo.

Em quase qualquer país, pode haver uma redução drástica na produção porque companhias de petróleo não podem obter financiamento de dívida para pagar mais serviços. Em alguns casos, companhias podem ir à bancarrota e os novos proprietários podem optar por não extrair petróleo a preços baixos.

Pode também haver problemas financeiros em sistemas vastow que indirectamente levam à redução da produção. Exemplo: se bancos não podem confiar em serviços de folhas de pagamento ou garantir o pagamento para despachos internacionais, tais problemas afectariam todas as companhias de petróleo, não apenas aquelas em dificuldade financeira.

O petróleo não é o único dos seus problemas. O carvão e o gás natural também estão a experimentar preços baixos. Poderiam passar por rupturas indirectamente devido aos preços baixos continuados.

8. A economia não pode ir longe sem uma oferta adequada de petróleo e outros produtos de combustíveis fósseis.

Frequentemente lemos na imprensa artigos que parecem sugerir que a economia poderia singrar sem combustíveis fósseis. Exemplo: dá-se a impressão de que as [energias] renováveis estão "logo ali" e que a sua existência eliminará a necessidade de combustíveis fósseis. Infelizmente, neste momento, nós de modo algum seremos capazes de ir muito longe sem combustíveis fósseis.

Os alimentos são cultivados e transportados utilizando produtos petrolíferos. As estradas são feitas e mantidas utilizando petróleo e outros produtos energéticos. O petróleo é o maior produto energético individual.

A experiência num longo período mostra um laço estreito entre a utilização de energia e o crescimento do PIB (Figura3). Praticamente toda a tecnologia é fabricada a partir de produtos de combustíveis fósseis. Assim, mesmo o crescimento energético atribuído a melhorias tecnológicas poderia ser considerado estar disponível devido em grande medida aos combustíveis fósseis.


Figura 3. Crescimento do PIB mundial comparado com o crescimento do consumo energético mundial para períodos de tempo seleccionados desde 1820. As tendências do PIB real mundial desde 1975 até o presente são baseadas no USDA real GDP data em 1975 e anos seguintes, a preços de 2010 (estimativa do autor para 2015). A estimativa anteriores a 1975 são baseadas no Maddison project updates . O crescimento na utilização de produtos energéticos é baseado numa combinação de dados do Apêndice A de Energy Transitions: History, Requirements and Prospects , de VaclavSmil, juntamente com a BP Statistical Review of World Energy 2015 para 1965 e anos seguintes.

Se bem que as renováveis estejam a crescer, elas ainda representam apenas uma minúscula fatia do consumo energético mundial.


Figura 4. Consumo energético mundial por combustível,
com base na BP Statistical Review of World Energy 2015.

Portanto, não estamos próximos do ponto em que a economia mundial possa continuar a funcionar sem uma oferta adequada de petróleo, carvão e gás natural.

9. Muita gente acredita que os preços do petróleo tornarão a recuperar e tudo ficará bem outra vez. Isto parece improvável.

O custo crescente da extracção de petróleo com que nos deparamos nos últimos 15 anos representa uma forma de retornos decrescentes. Uma vez tornados altos os custos de fazer produtos energéticos, uma economia está permanentemente mutilada. Preços mais elevados do que aqueles verificados no período 2011-2014 são realmente necessários se a extracção tiver de continuar e crescer. Infelizmente, preços tão altos tendem a ser recessivos. Em consequência, preços altos tendem a pressionar a procura para a baixa. Quando a procura cai demasiado, os preços tendem a cair muito baixo.

Há vários meios para melhorar a procura por commodities e, portanto, elevasr os preços outra vez. Isto inclui (1) aumentar salários de trabalhadores não elite; (b) aumentar a proporção da população com empregos; e (c) aumentar o montante de dívida. Nenhum destes meios está a mover-se na direcção "correcta".

Joseph Tainter em The Collapse of Complex Societies destaca que uma vez começados os retornos decrescentes, a resposta é mais "complexidade" para resolver estes problemas. Os programas de governo tornam-se mais importantes e os impostos frequentemente ficam mais altos. A educação dos trabalhadores de elite torna-se mais importante. Os negócios tornam-se maiores. Esta complexidade acrescida leva a que mais do produzido pela economia seja canalizado para sectores da economia diferentes daqueles com salários de trabalhadores não elite. Como há demasiado destes trabalhadores não elite, sua falta de poder de compra afecta adversamente a procura por bens que utilizam commodities, tais como casas, carros e motociclos. [1]

Outra força tendente a restringir a procura é uma proporção mais pequena da população na força de trabalho. Há muitos factores que contribuem para isto: Pessoas jovens ficam mais tempo na escola. O grosso dos trabalhadores nascidos após a II Guerra Mundial está agora a atingir a idade de reforma. Salários cadentes tornam cada vez mais difícil para pais jovens cuidarem de crianças de modo a que ambos possam trabalhar.

Como observado na Secção 5, o crescimento da dívida já não está a subir tão rapidamente como no passado. De facto, estamos a ver o começo de aumentos nas taxas de juro.

Quando acrescentamos a estes problemas a desaceleração do crescimento da economia chinesa e o novo petróleo que o Irão estará a acrescentar à oferta mundial, é difícil ver como o desequilíbrio petrolífero será reparado num período de tempo razoável. O desequilíbrio, ao contrário, parece provável que permaneça num nível elevado, ou mesmo pior. Com [capacidade de] armazenagem disponível limitada , os preços tenderão a continuar a cair.

10. O avanço rápido da produção de petróleo nos EUA depois de 2008 deu uma contribuição significativa para o descompasso entre a oferta e a procura de petróleo que se tem verificado desde meados de 2014.

Sem a produção dos EUA, a produção mundial de petróleo (definida de modo amplo, incluindo biocombustíveis e líquidos de gás natural) está quase estagnada.


Figura 5. Produção total de líquidos para o mundo como um todo e para o mundo excluindo os EUA,
com base em dados do International Petroleum Monthly, da EIA.

Encarada separadamente, a produção de petróleo estado-unidense ascendeu muito rapidamente. A produção total subiu seis milhões de barris/dia entre 2008 e 2015.


Figura 6. Produção de líquidos dos EUA, com base em dados da EIA
(International Petroleum Monthly, Junho/2015, complementado
pela Monthly Energy Review para dados mais recentes).

A razão porque a oferta de petróleo estado-unidense pôde ascender muito rapidamente deveu-se em parte à QE que levou à disponibilidade de dívida a taxas de juro muito baixas. Investidores encontravam rendimentos (yields) de dívida tão baixos que compravam quase qualquer participação no capital que parecesse ter uma possibilidade de valor a longo prazo. A combinação destes factores, mais a crença de que os preços do petróleo aumentariam sempre porque os custos de extracção tendem a subir ao longo do tempo, canalizou grandes montantes de fundos de investimento para o sector dos combustíveis líquidos.

Em consequência, a produção de petróleo (definida de modo amplo) nos EUA aumentou rapidamente, crescendo de aproximadamente 1 milhão de barris/dia em 2012, para 1,2 milhão b/d em 2013 e 1,7 milhão b/d em 2014. Os números finais ainda não estão disponíveis, mas dão a impressão de que a produção estado-unidense ainda aumentou outros 700 mil b/d em 2015. Os 700 mil b/d acrescentados pelos EUA em 2015 são provavelmente mais do que o montante acrescentado pela Arábia Saudita ou pelo Iraque.

O consumo mundial não aumenta rapidamente quando os preços estão altos. O consumo mundial aumentou 871 mil b/d em 2012; 1.397.000 b/d em 2014; e 843 mil b/d em 2014, segundo a BP . Portanto, em 2014 os EUA sozinhos acrescentaram aproximadamente tanto petróleo, o dobro, quanto o aumento da procura mundial. Este descompasso provavelmente contribuiu para o colapso dos preços em 2014.

Dado o papel evidente dos EUA em criar o descompasso entre a oferta e a procura, não deveria ser demasiado surpreendente que a Arábia Saudita esteja relutante em tentar consertar o problema.

Conclusão

As coisas não estão a funcionar do modo que esperávamos. Não parece que possamos fazer com que oferta e procura se equilibrem. Se os preços estiverem altos, as companhias podem extrair um bocado de petróleo, mas os consumidores não podem aceder aos produtos que o utilizam, tais como casas e carros; se os preços estiverem baixos, as companhias tentam continuar a extrair petróleo, mas a seguir decorrem problemas financeiros.

Para complicar o problema há a contínua necessidade de estímulos da economia a fim de manter os preços do petróleo e outras commodities suficientemente altos para encorajar a produção. Os estímulos parecem assumir a forma de dívida sempre crescente mesmo a taxas de juro mais baixas. Tal programa não é sustentável, parcialmente porque leva a mau investimento e parcialmente porque leva a uma bolha de dívida que está sujeita a colapso.

O estímulo parece ser necessário devido ao actual alto custo de extracção do petróleo. Se o custo de extracção ainda fosse muito baixo, este estímulo não seria necessário porque produtos que utilizam petróleo seriam mais acessíveis.

Alguns decisores pensam que o [problema do] pico petrolífero (peak oil) poderia ser resolvido simplesmente produzindo mais petróleo e mais produtos substitutivos. Está a tornar-se cada vez mais claro que o problema é mais complicado do que isso. Precisamos encontrar um meio de fazer com que todo o sistema opere correctamente. Precisamos produzir exactamente a quantidade correcta de petróleo que compradores possam comprar. Os preços precisam ser suficientemente altos para produtores de petróleo, mas não demasiado altos para compradores de bens que utilizam o petróleo. O montante de dívida não deveria disparar fora de controle. Não parece haver um meio de produzir o resultado desejado, agora que os custos de extracção são altos.

As rigidezes construídas no interior do sistema de preços do lado da oferta (como descrito nas Secções 3 e 4) tendem a ocultar problemas, deixando-os tornarem-se cada vez maiores. Eis porque poderíamos subitamente deparar-nos com um grande problema financeiro que poucos anteviram.

Infelizmente, o que estamos a enfrentar agora é uma situação aflitiva, ao invés de um problema. Muito provavelmente não há boa solução. Isto é preocupante.

19/Janeiro/2016 [1] Por exemplo: mais dividendos e juros são pagos, tendendo a beneficiar a indústria financeira e as classes da elite. Mas o produto da economia vai para trabalhadores em posições de supervisão ou com educação avançada. Outros trabalhadores – aqueles com responsabilidades mais "comuns" – vêem os seus salários ficarem para trás da ascensão geral do custo de vida. Em consequência, eles verificarão que é cada vez mais difícil comprar casas, carros, motociclos e outros bens que utilizam commodities.

[NR] Esta explicação, que é a convencional, é contrariada por Katasonov. Ele considera que a situação foi alterada a partir do momento em que a Wall Street inventou o "petróleo-papel", ou seja, o mercado de futuros do petróleo – o qual é facilmente manipulável. Actualmente, considera Katasonov, os preços spot do petróleo estão a ser determinados pelo mercado de futuros. Ver O cartel bancário que dirige o mercado petrolífero .

Ver também:

What's Really Going on with Oil? , F. William Engdahl

A querela saudita-iraniana: Outra escaramuça na guerra do petróleo , Pepe Escobar
Whatever Happened to Peak Oil?

O original encontra-se em ourfiniteworld.com/...

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/





http://resistir.info/peak_oil/tverberg_19jan16.html